agosto 09, 2013

Sad Story



                Ás vezes lembro-me de tudo o que fiz quando era criança, quando era um adolescente loucamente apaixonado e hoje não me recordo de tanto o que fiz… Atualmente. Vejo-a passar vezes sem conta por mim neste banco verde de jardim, sempre com os seus divinos saltos altos e os vestidos a cair pelo ombro que lhe criam a silhueta perfeita. Aqueles seus olhos verdes lembram-me uns outros olhos… Os da nossa filha.
                Vera era a rapariga mais bonita da vizinhança e eu não dizia isto por ela ser a minha pequena e adorada filha… Dizia porque era a verdade que circulava de boca em boca pelos rapazitos loucos pela sua beleza atenuante. Vera era inteligente e sabia sempre o que fazer para alguém se sentir mil vezes melhor, era o seu talento. Ah! Como me lembro tão bem de acordar com as suas mãos sedosas a pedirem-me alguma coisa, como era travessa aquela menina de sorriso bonito tal como a sua mãe, a minha mulher que ainda hoje amo muito. Lembro-me daqueles últimos meses como se fosse ontem ou até mesmo hoje, infelizmente eu lembro-me.
                Chegar a casa depois de um louco dia de trabalho e ver a minha filha caída no chão quase sem cor, apressei-me a correr para ela e levei-a para o hospital ligando para Clarisse, a minha mulher. Ela ia encontrar-me lá. Fui impedido pelos médicos de entrar na saleta para onde levavam a minha pequena já grande, independentemente da idade sempre fora a minha pequena e única menina. Andei para trás e para a frente enquanto esperava por notícias de alguém… De tanto andar para a frente e para trás, acho que poderia fazer um buraco no chão.
- Marcel! – ouvi Clarisse e apenas a abracei. – O que se passa com a nossa menina?
- Eu…Não sei. – larguei o abraço e deixei-me isolado junto á janela da sala enquanto olhava para o vazio.
                Lembro-me do momento da verdade. Do momento em que caí de joelhos no chão ao ver Clarisse implorar para que Deus devolvesse a nossa menina sã e salva. Para que leva-se aquele cancro acabado de descobrir, aquele cancro tão avançado que nenhum de nós desconfiava que uma menina tão linda pudesse ter. Uma menina tão frágil que não teve tempo de lutar contra o lado mau da vida, Deus estava a ser injusto… Não lhe tinha dado uma oportunidade sequer… Maldito sejas! Lembro-me de gritar isso enquanto permanecia no chão de joelhos e de cabeça baixa… Senti as mãos de Clarisse procurarem o meu abraço e quando vi os seus olhos… Chorei como se fosse a maré e ela estivesse a encher… Aqueles olhos iguais aos de Vera…
                E aquele caixão tão pequeno com o seu belo corpo no interior…Não era o sítio nem era o futuro que eu queria para a minha preciosa. E ver a terra cair-lhe por cima era inevitável para mim. Abandonei o seu funeral a meio deixando Clarisse a par do resto da família. Por amor de deus, eu deixei-a lá sozinha!
Bati com a cabeça no volante vezes sem conta fazendo com que a buzina do carro apitasse o mesmo número de vezes. Eu não queria estar com ninguém, só queria a minha menininha sã e salva em casa a cantarolar as músicas que passavam na rádio enquanto fazia os deveres de casa. Seria pedir muito?
                No terceiro mês da sua morte, saí de casa. Ver aqueles olhos verdes de Clarisse era como ver Vera num dia de felicidade. E assim abandonei-a, tal como a pequena me abandonara. Passei semanas a trabalhar para puder viver num pequeno apartamento, quando acordei para a realidade…Não tinha de trabalhar mais, não tinha ninguém a quem oferecer prendas… Estava sozinho e na rua.
                Todas as manhãs durante estes últimos dez anos á mesma hora, Clarisse passa por este banco de jardim de mala no ombro, com os seus divinos saltos altos e os vestidos que lhe dão a silhueta perfeita. Todas as manhãs finge que não me vê. Mas eu não me importo… Porque estou ali para me recordar dos olhos da minha pequena.




É da minha e completa autoria.

julho 03, 2013

Dream.

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Sentir a brisa do mar era o necessário. 
Sentir o sol raiar na pele é a necessidade, sentir a água salgada nos pés e sentir o corpo ficar arrepiado é uma dádiva. Sentir o ar puro e sentir aqueles braços rodeados em mim é o que mais é preciso, é o sonho. 
 O despertador naquele momento tocou e deixei o meu corpo ser caído da cama abaixo, não havia praia, não havia sol nem sentia a brisa do mar, não tinha braços a rodear-me nem palavras serem ditas ao ouvido, não tinha absolutamente nada disso. Levantei-me do chão voltando para a casa, esperar para que novos sonhos viessem, sonhos nos quais tu aparecerias e farias com que eu acredita-se de novo na possibilidade de vir a sorrir algum dia. 

julho 01, 2013

You're so special.



Best friends till the end of time
Deixar aquela pessoa que nos faz feliz, abraçar-nos fortemente e encostar a cabeça ao seu coração. Ouvir aquele batimento e sorrir, sentir que aquele coração está a bater fortemente porque essa pessoa está feliz e é-nos sincera em relação aos seus sentimentos.
Deixá-la rir das nossas parvoíces, das nossas piadas e conversar-mos horas a fio ao telefone enquanto tentamos fazer ciúmes e deixá-los falar mais alto. Andar-mos de mãos dadas e deixar-mos mordidelas surgirem entre nós, confessar-mos coisas que nos custam aguentar solitariamente. Palavras secretas, palavras seguras. Palavras confortadoras e protegedoras.
Palavras que aguentam o sentimento. São simplesmente as coisas mais simples em ti que me fazem delirar contigo, são elas que fazem com que eu me importe.

abril 30, 2013

It's cold.





Acordar e sentir que a cama está quente demais para ser abandonada logo pela manhã. Sair de casa e ver que o vento e o frio voltaram, que os casacos largos e de lã voltaram, que o calor voltou a ir embora e que os dias cinzentos agora permanecem e deixam-nos entristecidos.
Passar o dia numa correria e agasalhada por aquele maldito friozinho que nos incomoda o corpo e nos faz querer estar abraçadas ás pessoas que realmente gostamos, àquelas que nos proporcionam um carinho imenso.
Rir daquelas piadas divertidas e daquelas piadas mais sêcas que só nós compreendemos naquele grupo, fazer apostas sem sentido algum e apostar pastilhas de borla. Rir das palhaçadas e das figuras de cada um. O dia que dantes era cinzento tornou-se colorido e mais descoberto, tornou-se num abrigo para as amizades colhidas da terra.

E pensar que o dia mais triste, pode ser aquele que nos faz mais felizes.

abril 25, 2013

Just happy.


Acordar com o telemóvel a tremer na mesa de cabeceira , abrir os olhos de uma forma "sobressaltante"e sorrir com o que a mensagem diz. Tomar o pequeno almoço de pijama e desarranjada no sofá enquanto que vê televisão. Passar toda a manhã a ver televisão e depois no computador, mas sempre acompanhada pela pessoa que nos está a proporcionar um grande carinho. Sorrir por cada mensagem lida, sorrir por cada palavra marcante, sorrir apenas por esse gesto.
Ouvir música e cantarolar algumas letras perdidas numa canção que fora perdida há tempos. Ir até á janela e ver que o sol lá fora brilha, que o céu está azul e que as nuvens flutuam de uma forma inacreditável, tudo é fascinante quando se está feliz.
Sorrir por uma parvoíce dita, ou apenas sorrir por sentir-se bem, por saber que existe alguém que se importa, no fim de tudo temos uma pessoa à nossa porta sempre preocupada connosco e nem reparamos. Ela pode estar em qualquer parte do mundo, mas pode estar mais perto do que alguma vez tenhamos pensado.


abril 22, 2013

True friendship.




Acordar com o despertador a tocar às 7h00 da manhã para mais um dia de escola. A preguiça é tanta e o sono também que só para isso demoramos mais tempo do que ao deviamos. Vamos até à casa de banho e lavamos a cara como todos os dias, vemos o nosso reflexo no espelho e apenas queremos voltar para a cama. 
Despachar para ir à escola, tomar o pequeno almoço e sair de casa a correr para não perder o autocarro, corro até á paragem e vejo ao longe o autocarro a vir, digo bom dia ás pessoas conhecidas e esboço um sorriso por simpatia. Coloco os fones e carrego no play, oiço uma música calma ou então uma mais agitada, mas apenas me preparo para mais uma viagem monótona de autocarro.
Chegada ao destino, retiro o cartão da escola e lado a lado das pessoas que me acompanham todas as manhãs dirijo-me aos porteiros e digo 'bom dia' , passo o cartão e entro na escola sendo brindada com abraços e sorrisos das pessoas que eu adoro. Amigos sentados em bancos com os telemóveis nas mãos e a jogarem uns contra os outros logo pela manhã, entro no bloco ao som de um 'toma ganhei-te!' ou 'quero uma desforra!' mais propriamente 'fizes-te batota!' , rio-me daquelas parvoíces e cumprimento cada um deles e oiço as suas piadas habituais sobre a minha pessoa.
As aulas passam, cada folha do caderno usada e cada palavra escrita pela caneta já sem tampa define o que iremos ser um dia. Uma conversa ou outra com os colegas do lado ou de trás, uma pergunta subjectiva da professora e exercícios por resolver. Por fim ouve-se o som da campainha tão desejada ao fim de 100 minutos intensivos apenas com 10 minutos iniciais de intervalo, brindada por amigos a rir , e abraçada pelos importantes , sorri-o. 
E no fim de tudo, de rir e de abraçar percebo que as verdadeiras amizades ainda existem.

abril 21, 2013

New day.


Acordar com o sol a raiar lá fora e a penetrar o quarto pelos pequenos buracos dos estores que foram esquecidos de fechar na noite anterior. Ver o mundo lá fora através da janela e ver que o sol brilha e que o céu está limpo, deixar a música preferida a tocar enquanto dança pelo quarto e arrumar o que não está no lugar. Permanecer todo o dia de pijama e sentir a brisa da janela aberta enquanto se explora a internet.
Comer aquela comida feita pela mãe, e ter conversas sobre as notícias que passam pela televisão e rir das parvoíces uma da outra, pegar nos livros e ver que realmente não tem vontade nenhuma, sublinhá-los e fazer exercícios para os testes em breve.
Ouvir aquela música triste que nos faz lembrar os tempos perdidos e os tempos que ainda estão para vir, ouvir alguém lá fora gritar para sair do meio da estrada , ouvir um choro de um bebé que passa na rua no colo da sua mãe que o aninha para proteger do sol. Ver ao lado uma pequena criança de mãos dadas ao pai que a trouxe do parque e agora traz na outra mão um gelado que faz lembrar o verão.

Deixar a àgua do banho percorrer o corpo e cantarolar músicas dos seus ídolos, dos meninos que fazem parte dos seus sonhos. Pentear o cabelo e fazer um penteado estúpido com as mãos e uma careta ainda pior em frente ao espelho, vestir de novo o pijama e ligar a televisão à espera que o programa começe. 
Meter a conversa em dia com os amigos, rir das parvoíces que eles dizem e dizer piadas. Jantar com os pais e rir das babuseiras que cada um deles diz ou então ouvir os sermões que qualquer adolescente ouve. Mas não é isso que agora me preocupa. É o futuro.
O futuro de hoje em dia... Será que o amanhã vai ser tão glorioso como o 'hoje' ? Ver as notícias e preocupar-me com o dia de amanhã, voltar para o quarto e ouvir aquela música essencial, ver televisão , rir e chorar com os assuntos que nela passam. Ver um filme para descomprimir e por fim, viajar no mundo da fantasia de um livro lido.